
O que começou como uma simples proposta de faculdade se transformou em um projeto literário que promete inspirar jovens leitores e valorizar a produção artística de Feira de Santana. Sob a orientação dos professores Emanuel Peixoto e Igor Correia, alunos dos cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo da Unifat desenvolveram uma revista como trabalho avaliativo. Os estudantes tiveram liberdade para escolher o tema, desde que fossem respeitadas todas as características editoriais de uma publicação real.
O grupo é formado por sete estudantes: Agatha Carmo, Fernanda Teles, Heitor Correia, Pamela Fonseca, Philip Carvalho, Rafaelle Araújo e Rebeca Cirino. Inicialmente, eles decidiram abordar o tema “Arte em Feira de Santana”, mas, durante o desenvolvimento, a pauta ganhou um novo rumo e se transformou em uma celebração à poesia produzida na cidade.
O ponto de virada veio com a sugestão de Rebeca Cirino, que propôs entrevistar Cláudia Gomes, sua ex-professora, mestre em Letras e escritora independente. Entusiasmada com a ideia, Cláudia prontamente aceitou o convite. Durante a entrevista, compartilhou detalhes sobre seu livro A menina do colar de pérolas, inspirado na história de Luz Kieza, uma jovem trans, negra e adepta de uma religião de matriz africana.

Tocada pela história, Rebeca decidiu entrevistar também Luz Kieza, que atualmente cursa faculdade em outro estado. A conversa, realizada online, rendeu um relato sensível sobre identidade, resistência e o poder da escrita.
A proposta se expandiu ainda mais com a participação da poeta Luma Eduarda, conhecida nas redes sociais por seus versos impactantes e que também teve sua trajetória incentivada por Cláudia. Com tantos relatos interligados por uma mesma figura inspiradora, o colega Philip Carvalho sugeriu alterar oficialmente o foco da revista para a poesia, incluindo ainda a própria experiência de Rebeca, que também escreve e teve o poema Mais uma Maria publicado na coletânea Vozes Bahianas Estudantis, organizada por Cláudia Gomes.
O projeto foi conduzido de forma colaborativa, com cada integrante contribuindo em sua área de afinidade: fotografia, design, redação, entrevistas e diagramação. A revista foi apresentada em sala de aula e, posteriormente, enviada à professora Cláudia, que se emocionou com o resultado e manifestou o desejo de distribuí-la nas escolas onde leciona.
A produção física da revista já está em andamento. Cláudia Gomes encaminhou parte dos recursos para uma editora em São Paulo, que cuidará da impressão. Com o valor já arrecadado, será possível produzir cerca de 50 exemplares, mas a expectativa é alcançar entre 100 e 200, conforme novos patrocinadores confirmem apoio. A previsão de conclusão é entre agosto e setembro, embora imprevistos no cronograma da editora possam adiar o lançamento.
Para viabilizar a tiragem mais ampla, a revista será impressa em preto e branco, em papel econômico, priorizando o alcance sobre a estética. O objetivo é claro: fazer com que a literatura chegue às mãos de crianças e jovens, especialmente aqueles que, como Cláudia um dia foi, vivem nas periferias e precisam ouvir que suas histórias também merecem ser contadas.